quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Caso dos Camelôs em Campinas


       O Executivo de Campinas tem nove dias para dizer o que vai ser feito com os camelôs. É a última chance de solução (retirada) pacífica, afinal eles se valem de verbas públicas ilegais - é assim que a Globo expressou o fato de eles não pagarem certos impostos. 
     Eu já penso que se eles estão lá é porque a população consome o suficiente para mantê-los lá, é a vontade do povo, e pela definição de democracia isso os daria o direito de continuarem lá. Quem preferir que compre de etiqueta. O povo é pobre e compra dos camelôs, se a vantagem estivesse nas lojas, nelas compraria o povo. Estão tirando essa vantagem do trabalhador. Concorrência desleal é os donos de loja que ficam exigindo que a lei tire de lá quem vende mais que eles. Se acham que os camelôs tão se saindo melhor penhorem seu estabelecimento e abra uma espelunca de muamba na rua - aliás, a tecnologia tem a grande diferença é no preço. Que que tem os camelôs não pagarem imposto? Pelo menos a população paga mais barato nos produtos e economiza pra comprar mais, isso é um benefício social. É mais arriscado pagar caro pelo produto com imposto embutido, quem garante que aquele imposto vai voltar pra população?
         E que farão os camelôs? Roubar? Descer de nível social em uma profissão que os agrade menos? Isso vai gerar violência à partir dos pequenos gestos. E vai diminuir o poder aquisitivo da população. Quero dizer, suponha que o camelô leva a família numa sorveteria, aí ele fica fodido e não consome mais naquela sorveteria: um freguês a menos, um troco a menos pro sorveteiro. Um troco a menos pro sorveteiro gastar na padaria. Afinal os camelôs são muitos e concentrados nos camelódromos, são engrenagem fundamental na economia. 
        Cd e Dvd pirata? Quem compra são os menos favorecidos que não têm computador com banda larga, não têm tempo de aprender os macetes na internet, não têm tempo de ficar baixando porque estão trabalhando pra pagar a merda do imposto ou porque é tão barato que até compensa o gostinho de comprar no minuto em que passa em frente a barraca.. Todo caso, eu e você que está lendo aqui não precisamos comprar cd e dvd pirata. Se precisasse, eu comprava de algum amigo, a gente gastava a grana junto. Quem puder me faça uma pesquisa social: que tipo de idiota ainda compra cd/dvd original e por que? Seria bastante revelador.
         Já os donos de loja, depois que forem retirados os camelôs de circulação, se ficarem com a grana que era dos camelôs, vão gastar pra fora da cidade - é desvantagem pro campineiro. E também estes donos vão investir muito mais nos produtos dos monopólios tecnológicos, que serão única alternativa pro consumidor, que passará a comprar menos (porque da loja é mais caro). Comprar só dos monopólios tecnológicos irá atrasar a eclosão de uma revolução na China, etc. Enfim, manter a soberania dos EUA e Japão não nos favorece, quanto mais eles se quebrarem mais precisarão abrir as pernas para países emergentes, como o nosso.


(sujeito a revisões)

quarta-feira, 30 de março de 2011

o Câncer de Gaia



         A Natureza como um todo era um organismo quase perfeito - conhecido como Gaia -, sempre muito bem capaz de regular sua homeostase mesmo depois de doenças que deixaram engastadas seqüelas² profundas. Até que num certo ponto seu sistema imunológico auto regulador culminou fatalmente no Homo Sappiens, uma variação de células que atuaram como células de um tumor benigno até os animais antecessores seus na linha evolutiva.
          Já na forma de tumor maligno, agindo como tal, passara a usar recursos e matéria natural para desenvolver paralelamente à homeostase de Gaia seu próprio organismo, que tomou proporções cada vez maiores e abrangentes, sofrera metástases e comprometeu cada vez mais todo o organismo de Gaia. Esse câncer se chama Humanidade.
      Seu meio de propagação são os Seres Humanos,  nome dado aos homo sappiens pós-fase-benigna, que sofreram o complexo de castração - libertação parcial das leis de Gaia - e foram capazes de perpetuar seu código genético maligno através do que chamamos cultura, que é a capacidade de perpetuar a memória através de símbolos e transcender a vida útil das células malignas. Com o passar dos séculos o câncer foi evoluindo numa velocidade cada vez maior e os seres humanos foram usando o poder de seu fluído para deformar cada vez mais o organismo de Gaia reestruturando-o a seu próprio favor (chamamos isso de Civilização), o que não significa necessariamente que a Humanidade seja um organismo próspero: suas células são auto imunes, ou seja, capazes de sacrificarem a sobrevivência ou bem-estar de suas semelhantes em sua própria tentativa de sucesso, além de muitos outros revertérios, distúrbios, transtornos que essas células sofrem por sua incapacidade quase crônica de prosperar em paz. 
            Gaia sempre fora assim, seu sistema auto-imunológico era movido à aventura do próprio acaso, lidando com embates infindáveis; sempre fora o movimento por excelência, mas com a perfeição de não ter consciência de nada disso - simplesmente funcionava. Afinal, de Gaia somos apenas células disfuncionais.


        A única forma de curar esse câncer da pobre e imperfeita Gaia seria remover todas as células doentes - a Humanidade - mesmo que mantendo as deformações do organismo. A única forma de matar Gaia seria um distúrbio grave na ordem das galáxias, que são tão imperfeitas quanto Gaia.




¹de Próstata para estatisticamente apresentar Gaia da forma mais antropomórfica possível.
²eu e meu corretor ortográfico somos conservadores: o trema serve para distingüir a pronúncia.
³para saber como me sinto a respeito da fascinante metáfora deste texto, leia o texto Obra Prima neste mesmo Blog.
³+¹ o texto está sujeito a coreção

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Olhar no horizonte, pé no chão (contra Masturbação Mental)

         Estive lendo uma matéria na revista Mente e Cérebro de janeiro que fazia uma abordagem neurocientífica do processo envolvido na objetivação de um desejo. O processo foi descrito em três etapas: (1) existe o desejo em forma latente até que (2) acaba escolhendo um objetivo por meio de um adiantamento do prazer da recompensa e (3) um planejamento mental e muscular para alcançar o objetivo. Funciona assim, (1) quando o desejo dá uma caminhada rotineira pelas possibilidades acaba despertando a atenção ao passar por uma possibilidade que acione a região do prazer e recompensa no cérebro, como se fosse um adiantamento imediato do prazer e recompensa que trariam o atingir este objetivo, levando o sujeito a (2) fazer uma masturbação mental sobre o objetivo já alcançado. A (3) última etapa seria um planejamento muscular ou mental do processo de execução para se atingir o tal objetivo.
           A maioria das vezes funciona só até a segunda etapa. A nível de ilustração, funciona igual com o pedreiro que veio aqui em casa: (1) entre tantos outros foi o que foi indicado por alguém e (2) após selecionado começou trabalhar no projeto da construção passo a passo e explicar a meus pais como seria, aí recebeu um adiantamento e ao invés de (3)executar a construção achou mais fácil procurar outro serviço para fazer (#¨#%ù&**!!). O cérebro da maioria das pessoas, na maioria dos projetos, funciona do mesmo jeito: passa-se um tempo masturbando mentalmente na segunda etapa - que na verdade se trataria da última etapa que é o objetivo já completo - e deixa de lado a etapa intermediária do caminho a ser percorrido para alcançar o objetivo.
           O problema é que o que ocorre muitas vezes é uma grande perda de tempo, pois se passa um bom tempo fazendo um generoso investimento libidinal no pensamento de um objetivo, depois em outros, desperdiçando o tempo que deveria estar sendo usado na execução - que é o que realmente vai levar ao cumprimento do objetivo.
           O projeto tem em seu horizonte o sucesso, mas focar a consciência no horizonte é um ledo engano. O foco deve estar na estrada; no próximo passo, onde a pern alcança. Podemos enxergar muito mais claramente se a perna alcança o próximo passo, então devemos procurar o gozo no próximo passo. Por exemplo, ninguém vai emagrecer antes de descobrir o quanto é prazeroso dar uma corridinha, respirar, sentir a disposição física que vem logo nas primeiras vezes; ninguém vai se tornar um grande músico antes de descobrir o prazer em adquirir novas coordenações, novas percepções, uma opinião mais elaborada sobre tudo que é ouvido. O próximo passo é agora e deve ser mais prazeroso do que contemplar o horizonte, que nunca será alcançado...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Obra Prima

             Enorme parte das nossas pulsações (de nossos motivos), tem sua origem na infância remota. O prazer em manipular metodicamente o meio objetivo onde estão as coisas já havia sido experimentado em nossa infância tão remota. Aos dezoito meses de vida, com o desenvolvimento do sistema nervoso, começa-se a percepção de domínio do bebê sobre seus esfíncteres retais e o controle sobre eles. Ao passar de alguns meses isto virara enorme fonte de prazer para o bebê que começa fazer 'obras' cada vez mais trabalhadas e desenvolve nestas certo afeto. Não é tão incomum crianças que dizem tchau para o cocô. Parece asqueroso mas sejamos científicos.
            Essa fase da criança é nomeada por Freud  fase anal, e se estende em média até os três anos, quando começará a próxima fase. Mas as fixações de prazer desenvolvidas na fase anal são perpétuas e voltaram a ser trabalhadas pouco tempo depois, desde que estivémos e estamos controlando alguma coisa, criando, trabalhando, etc. e depois olhamos para nossa obra igual olhávamos quando éramos crianças e nos orgulhávamos daquela bosta. Com isso concluo que o orgulho humano é um tanto fútil. Somos seres petulantes por natureza castrada.
             Repito: qual crianças que se orgulham de suas fezes desprezíveis, nos orgulhamos de nosso trabalho, mesmo que seja tão bom quanto os primordiais

              
            Fora o pedreiro com trinta anos de experiência e orgulho de trabalhador mas que não sabe assentar um piso ou colocar uma telha...que bosta. Pelo menos crianças não vendem seu trabalho a altos preços. (passível de coreção)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

As drogas no Brasil

   Uma questão contemporânea com qual lidamos de forma avançada como nunca é a questão das drogas. O país em plena mudança de governo, sob brisas fortes de mudanças - grande promissor do petróleo-, sede da copa e das olimpíadas, tem fortemente abalado e apreendido um grande Atacado de drogas. O estoque monstruoso que foi apreendido e mostrado na televisão chocou o país. Diante disto devemos nos conscientizar de que o foco da questão deve ser o consumidor, pois todo aquele estoque significa escoamento do mesmo, ou seja, o comércio das drogas funciona através de demanda de mercado, como qualquer outro produto (se havia tudo aquilo é porque tudo seria consumido). Aliás, aquele estoque mostrado na televisão é menos de metade da verdadeira quantidade em massa do produto consumido. A cada degrau que a droga desce do Atacado até o Varejo seu conteúdo é diluído (ou batizado) formando uma quantidade bem maior mas com a concentração menor.
          Numa época de escassez como a que começa no Rio, aquele que conseguir chegar com a droga poderá vender pelo maior preço muito facilmente. A proposta, que ja atraía e empregava muita gente, ficará mais tentadora do que nunca. E assim se reestabelecerá o produto no mercado. Quanto aos usuários de um dia antes da apreensão no Rio, provavelmente continuaram usuários (mesmo que em abstinência) um dia depois, e provavelmente farão de tudo para continuar seu vício. Agora ôpa! Se há tanta gente assim usando, talvez seja hora de respeitar uma opção democrática, afinal sabemos que todas drogas podem causar vício. O que será que atrapalha mais o corpo humano, intoxicação por concentração de cocaína ou açúcar? O açúcar inutilizado fica armazenado em forma de gordura e aumenta a massa corporal aumentando o peso e prejudicando. Ou seja, este açúcar está sendo usado compulsiva e desnecessariamente, é uma medida auto-destrutiva.
     Pensando pelo lado de que grande população usa drogas ilícitas como se fosse um direito, acho que mereciam um direito a substâncias controladas e regulares o quanto possível. Afinal, essa grande parte da população está correndo risco de contaminações diversas que só só podem ser descobertas bem tarde. Há muitos trabalhadores sem lazer alternativo, os quais servem à sociedade que deveria garantir lazer a todos. É preciso olhar por eles como cidadãos com direito a democracia.
           Por outro lado é muito mais difícil lidar com um inimigo invisível. Colocando o usuário sob a vista, será mais fácil controlar seu uso, e intensificar a restrição conforme a intensidade de destruição de cada droga. O estado deve ter controle! Controle da economia, controle da saúde, controle do comércio. Desde que um estado democrático, pois é evidente que seus furos serão atuados de forma alheia a seu controle.
           Vivemos a seguinte contradição: a Coca-Cola fez certa parceria com a Ambev para um investimento de quatro bilhões a mais do já gasto com bebidas alcóolicas aqui no Brasil, solo fértil. Então estas mega-empresas aumentam estrategicamente nosso consumo de bebidas e a responsabilidade fica toda por conta do consumidor - "que consome se quiser"-, enquanto as drogas ilícitas ficam por responsabilidade dos traficantes? Se olhar por esse lado vou ficar contra os traficantes e também achar que devem prender os gerentes do Mc Donalds.
       Traficantes sequer tem algum código de respeito ao consumidor ou outro, acho que são péssimas autoridades para a população e acho que são culpa do sistema. Vamos parar de alimentar esse tipo de conduta no país, vamos usar dinheiro de impostos sobre drogas para bem estar da população. Enfim, sejamos democráticos. E façamos valer a pena a operação extrema no Rio. 
(Pessoalmente acredito que isso não acontece porque muitos pais e patrões do país têm parte no grande lucro livre de impostos das drogas.)